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Mostrando postagens de 2020
 
                                                                                         Tocacéu fazendo cócegas nos de cima que soltam frouxos de risos. No princípio, Zeus criou para si um filho.
                                          Não joguemos sementes e caroços de frutas no lixo, mas nos jardins. parques, terrenos baldios e beira de estradas. Façamos como os animais. Plantemos nossa comida.   Se você nunca plantou um árvore, não me venha falar em ecologia. Agir, falar não.

BASTA UMA GRETA

                           Foi neste ambiente que nasceu Greta, mas isto não lhe impediu de estudar. Cedo foi à escola, com muito sacrifício dos pais que a queriam ajudando nos trabalhos diários, que ainda assim, ajudava nas horas vagas. Eloístas Lavar roupa, passar e entregar à freguesia. Ajudar nas cozinhas, o que era bom, comia melhor. Que cansaço ficava para ir à escola depois da labuta da manhã, mas ia  prazeirosa. Gostava ler a Geografia e História do Brasil de Gaspar de Freitas, com aquelas fotos do mundo todo. Inda iria conhecer tudo aquilo.

BASTA UMA GRETA

                                                                                      Angico é árvore brasileira, de resina cheirosa, de espinhos perigosos, porém muito valiosa, cuja casca é boa para tosse, para leucorreia e gonorreia, além de possuir poderes alucinóginos, de cujo uso os Ianomani fazem o Yopo para rituais sagrados. Árvore tão difundida, que praticamente em todo Brasil, tem um local chamado Angico. Mairi também tem um Angico e foi lá que Greta nasceu,  negra, feia e pobre. Filha de um biscateiro alto e magro sempre com um açafate na mão para carregar tudo o que pudesse e lhe pedissem, atividade que aprendeu de seu pai, que fora azemel, no tempo que as cargas eram transportadas em lombo de burro. Bons tempos, dizem os saudosistas, eu, não concordo, tempo bom é o que a gente vive. Naquele tempo tudo era muito difícil, hoje a gente está na roça e tem acesso à internet. No meio do mato e a gente sabe tudo o que está acontecendo no mundo. Hoje, Juvenal, era seu nome, Toriba,
                                Vou fazer minha aljamia sem azáfama, não vou dar aso ao adail me encostar a espada. Não posso perder o almisque deste campo. Que esperem. Almaala. Aljuba azul.  Abu Hadi ouviu meu primeiro choro. Anos mais tarde, meu povo, açodado pelos filhos do nabi Issa, irá tocar fogo nas casas de minha gente, só para me desmoralizar. Em nome de Issa mataram no passado e matam no presente, por se acharem mais que os outros. Há-de se sair dest’albarda e para tanto a liça tem de ser constante, ali, aqui e onde quer que se encontre um.

ELA SE CHAMA LILI

                                   De pai Cirilo e mãe Jurema nasceu Lili. Azuis terríveis, os olhos, iria, quem diria, correr  mundo, denominada, a mais bonita e mais rica do mundo da moda. Não muito longe, ajudava o pai, sapateiro, seleiro e curtidor, entre couro, casca d´angico, sovelas e outros apetrechos, ao aroma de couro curtindo no anoque ou molhado na selha. Que sonhos acalenta uma jovem, num lugar onde nem jornal nem rádio chegavam? Lia titubeante alguns números do Almanach Bertrand e do Almanaque do Pensamento que o pai comprava a cada ano e era, assim, considerado, junto com Zé de Nazaré os sabidos de Capela, os malucos, porém malungos todos. 
                               Quico saiu às 10 horas e nunca chegou até agora, com a comida. Melhor  matar uns passarim, enquanto ele vem, num tem muito, mata o que achar, até garrincha. Pardais tem demais, quase não tem carne, mas o camarão também não é pequeno? 
                              Peguei um chih pha e limpei minha boca, minhas mãos.  pues, estant allí a la porta, la tafarra se´em calfà, y ella  agarrant lo meu bastó, deu-se a chuchar. Céu infinito, eu te alcanço e me abandono em teus braços e soluço e choro e grito e louvo e morro. 
                               Um grito, um tiro, uma queda. Ninguém viu, ninguém vê. Ouve-se, tremendo. Quem? Horas não passam. Eternidade. O som infinito do carro de boi.

DO HAVRE AO FIM DO MUNDO

                              Juro. Horas pensando. Começar. Joyce levou dias para encontrar um palavra para o fim do Ulisses, eu, para começar.  Ele achou o yes, eu, só o não. Vinha sempre à mente quando pegava da caneta. E não era azul! Então decidi escrever diretamente no notabuque e a negativa foi pro brejo. Mau agouro, começar um diário de viagem logo com um adverbio de tanta força negativa. Seria atrair o mal. Palavras têm força, diz a neurolinguística. Madeira, toc, toc, toc. Um diário. O presente para recordação no futuro. Para se verter lágrimas ou risos e mais das vezes risos, pois o infortúnio no futuro é objeto do riso. Este relato pretende ser um diário do Havre ao Tepequém. Não me queiram mal, não será um diário como todos fazem. Dia, mês, ano e até hora. Não saberia fazer, nem teria saco, mas vou me esforçar ao máximo para que pareça um diário e todos vocês possam gozar do prazer e ler as peripécias das pessoas nele descritas. O Havre fica na Normandia a cent