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Mostrando postagens de outubro, 2019

O DIVINO SEBASTIÃO

                            Sempre me perguntei porque a Igreja, que se mostrava tão pudica, permitia a imagem de um santo  semi-nu, com corpo eroticamente retorcido, atravessado por flechas. Que sentido teriam tais flechas? Por quê os pintores o retratam em lascivas posições? Diz-me Irene, tu que o curaste, quem era Sebastião? Quero ver Irene dar sua risada.

ESTEVÃO E PAULO

                                    Estevão foi o primeiro condenado a ser apedrejado em praça pública, em tempos idos. Um tal de Saulo, também denominado Paulo ajudou na matança de Estevão. Hoje, ambos são santos, assassino e assassinado. Oh tempo, como mudas os homens! Paulo, Paulo conta esta estória direito. Por quê atiraste pedras no belo estevão?
                                Ninguém sabia de nada. Toda uma cidade. Agora ele está doente. Agora basta ser preso para estar doente? Será mesmo Adélio? Eu sou João de Deus. Não em mim, não faço milagres. Não caminho sobre águas, nem multiplico pães. O milagre faz o povo, não é Wanessa? Oh, santa hipocrisia, por que o acusam agora? Não fomos nós que o procuramos, para rememorar os primeiros tempos dos cristãos, adoradores de esperma? Não acreditamos nós que o esperma é a vida que o Altíssimo nos premiou para a conservação da espécie? Todos vestidos de branco, cada homem em frente a u´a mulher, cada mulher em frente ao homem. As luzes como que morrem para permitir melhor concentração. Um olhando fixo no outro. Louvam o Senhor, pedem sua benção. Se tocam, se apalpam, se beijam, se esfregam. Os músicos tocam os instrumentos num crescendo.

ANHANGÁ

                                                                               Anhangá sou eu. Sou eu anhangá. Protetor das matas, dos rios e da caça. Aparo as flechas do caçador  voraz e ajudo quem só mata pra comer. Com meus olhos cor de fogo queimo a pele do malvado, dou-lhe coices, dou chifradas, corro com ele às léguas, perdendo-se no cipoal. Quando quero lhe cavo a terra, onde se afunda, paulada dou-lhes nas costas e rio de seus gemidos. Deixa-me em paz, anhangá, eu não piso mais aqui, deixo em paz teus animais, deixa eu viver em paz.