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Mostrando postagens de maio, 2010

E TU SILENCIOSA, APENAS RIAS

Porque sou feio tu nem sabes que existo. Porque sou tão pequeno, tu nem me vês, quando te olho. Existo Cristina. Desde o dia em que te vi na capa daquela revista. És alegre, e, no entanto, tens os olhos sensualmente tristes. Segui teus passos apreensivamente e vi-te deitada sobre o feno. Tu não te lembras. Corrias vaporosa, talvez, os lugares chic do mundo, quando te tomei pelo braço e te trouxe a meu quarto. Pus u’a música, deliciosamente sensual, na vitrola, perfumei-me com essência de jasmim e corri para teus braços. Tinhas uma camisola branca com rendinhas amarelas. Olhavas para o teto, pensativa, com a mão direita sob a nuca. Com a esquerda, guarnecias a camisola, talvez por resquícios de pudor. E fiquei minutos em pé a te olhar. Teus cabelos negros. Teus olhos castanhos. Tua boca sempre entreaberta. Eu me lembro. A camisola jazia entre tuas pernas, formando um lindo triângulo. Pairava um cheiro de flores silvestres. Tu não dizias palavra. Parecias estar gostando. P...

NOITE EM PARIS

Fazia um friozinho e chuviscava. Ele parara em frente ao Eléphant Blanc . Esperar. Logo estiará. Eram, talvez, duas horas, ou menos. Outras pessoas, também, ali. Esperavam, silenciosas, a chuva passar. Um homem baixo,  careca luzidia,  roupas modestas, parou em sua frente e de costas, coçando seus perigalhos, comentou sobre o tempo. Eterno tema das conversas dos que nada têm a dizer. Tempo, Tempo. Eró, Eró. Tempo, Tempo.  Não me comas, não me devores, meu pai. Eu quero viver. “ Oh quero viver, beber perfumes na flor silvestre que embalsama os ares ”.  Eternidade, te quero.  Mecânico, respondera-lhe.  Convicto, papo assim,  não inicia amizades,  e, só isto  lhe interessava, difícil fazer amigos na França,  mais ainda,  conservá-los. Como ser amigo de um clochard ? De quem não tem  morada, não saber onde procurá-la nos momentos difíceis? Não. Não era um mendicante. Flanava, apenas, flanava. E se fosse, iria preci...