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Mostrando postagens de 2019

MEU NOME É JESUS

                              Meu nome é Jesus. Não queiram associar este título ao bordão político do barbudo Enéas. Se assim  comecei é porque faço questão de enfatizar  meu nome, hoje, por tantos, vilipendiado, usado em vão. Muito do que se faz e se diz em nome, não no é. Quero provar, mesmo que se diga, não ter eu existido historicamente, não ter tido vida material, que, ainda assim, fui, para muitos, o caminho. Até me conformo em dizerem que eu não existi, mas dizer, como Celso disse,  que eu fui gerado de  uma pulada de cerca de minha mãe, que sou filho de um tal de Tiberius Julius Abdes Pantera, soldado romano, é demais. É muita maldade. Não há mal algum em ser filho de um milico, xô, xô preconceito, chateado, tou, pela cerca. Mamãe não pulou cerca. Quem não ficaria zangado, vendo a mãe xingada? Os que negam a minha existência, nem admitem ter nascido, mas há, como Celso, os que negam minha palavra, dizendo ser eu um simples filho de um soldado romano com uma judia sem

O DIVINO SEBASTIÃO

                            Sempre me perguntei porque a Igreja, que se mostrava tão pudica, permitia a imagem de um santo  semi-nu, com corpo eroticamente retorcido, atravessado por flechas. Que sentido teriam tais flechas? Por quê os pintores o retratam em lascivas posições? Diz-me Irene, tu que o curaste, quem era Sebastião? Quero ver Irene dar sua risada.

ESTEVÃO E PAULO

                                    Estevão foi o primeiro condenado a ser apedrejado em praça pública, em tempos idos. Um tal de Saulo, também denominado Paulo ajudou na matança de Estevão. Hoje, ambos são santos, assassino e assassinado. Oh tempo, como mudas os homens! Paulo, Paulo conta esta estória direito. Por quê atiraste pedras no belo estevão?
                                Ninguém sabia de nada. Toda uma cidade. Agora ele está doente. Agora basta ser preso para estar doente? Será mesmo Adélio? Eu sou João de Deus. Não em mim, não faço milagres. Não caminho sobre águas, nem multiplico pães. O milagre faz o povo, não é Wanessa? Oh, santa hipocrisia, por que o acusam agora? Não fomos nós que o procuramos, para rememorar os primeiros tempos dos cristãos, adoradores de esperma? Não acreditamos nós que o esperma é a vida que o Altíssimo nos premiou para a conservação da espécie? Todos vestidos de branco, cada homem em frente a u´a mulher, cada mulher em frente ao homem. As luzes como que morrem para permitir melhor concentração. Um olhando fixo no outro. Louvam o Senhor, pedem sua benção. Se tocam, se apalpam, se beijam, se esfregam. Os músicos tocam os instrumentos num crescendo.

ANHANGÁ

                                                                               Anhangá sou eu. Sou eu anhangá. Protetor das matas, dos rios e da caça. Aparo as flechas do caçador  voraz e ajudo quem só mata pra comer. Com meus olhos cor de fogo queimo a pele do malvado, dou-lhe coices, dou chifradas, corro com ele às léguas, perdendo-se no cipoal. Quando quero lhe cavo a terra, onde se afunda, paulada dou-lhes nas costas e rio de seus gemidos. Deixa-me em paz, anhangá, eu não piso mais aqui, deixo em paz teus animais, deixa eu viver em paz.

AIPRÉ E TAMBIÁ

                                                                                                 Aipré, tu choras, ainda, teu Tambiá? Por quê? Costume de teu povo, não? Não poderás transgredir as regras. Consola-te, pois to deram como esposa da morte, muita honra pr´ambos. Você e ele. Oh cruéis costumes, traz de volta meu guerreiro, implantado na barriga de meus irmãos. Assim clamava Aipré. Dentro em breve seu herói seria descomido. Impossível entender a vida. Um quilo de oiro, muito por um porjeto. Inda assim, nós. Por um espelho. Porém, não fomos os inventores da escravidão. No livro deles, já se fala dela. E que eles a troxeram para a america. Pior que comer gente , tu não achas?                                               
                                       Pássaro azul, que fazes, tu, dentro de meu peito? Eu não te aprisiono, podes sair, não te quero preso a mim, dou-te a liberdade. Vai mundo afora e faz o anúncio de meu livro. Mostra-lhe estas tortas letras, que as saibam todos, para amar ou odiar, antes que o rosto se apague nas ondas do mar, assim aprendo.
                  Dona Michele de Paula,                    Diga a seu Bolsonar, a vida tá uma tristeza,                    Que a vida t á de lascar.                    Diga sim, salário novo, só dá pra comprar ovo.                   Que abaixe pros deputados,                   E aumente pro nosso povo.                   Dona Michele de Paula,                   Acuda, o Brasil vai prá trás,                   Quem deve falar, tem vergonha,                   Outros já falam demais.                    Sem comer, sem moradia,                   Botam fogo em toda pista,                    A Globo diz que tudo isso                   É culpa de comunista.