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                       Antes do tudo o que é hoje, o nada era o tudo que existia. Um velho senhor, barbudo, solitário e rancoroso, disse de si para si, porque não havia outros para se falar, pois nem mesmo se tinha inventado as outras duas pessoas divinas, (Pessoas? Há uma pomba no meio que não é a Gira), razão porque, como os loucos, o Senhor falava sozinho. “Poxa, tudo é tão nebuloso e disforme! Um tédio! Chega, não aguento mais, vou bagunçar esta porra e criar um lugar de delícias para eu ir quando eu estiver entediado aqui no céu. E assim criou  o mundo, que, a bem dizer, só fez separar o céu da terra, porque era o tudo que existia antes, que era o nada, e, se chamar de céu, porque de sua morada. Aí, ele pôs na terra, ah, ia-me esquecendo, chamou este lugar de terra, mas, não se sabe em que língua falou, porque, vivendo neste mundão de meu Deus, no escuro total, o Senhor, coitado, nem tinha com quem falar e, em razão disto, acredita-se, ele, apesar de velho, barbudo e carrancudo, como uma criança, não sabia falar, e, o pior, não tendo pai, nem mãe para lhe ensinar a falar, seu destino cruel seria a mudez total. O fato é que a esta altura do campeonato os estudiosos nunca chegaram à conclusão de qual língua, tenha falado o Senhor. Bairrista, eu sou, logo, digo e afirmo de pés juntos. O Senhor falou em português e, ainda por cima baianês, o mais bonito, não é mainha? E o Senhor, cofiando sua longa e grisalha barba, disse: “Façamos a terra” e a terra se fez. Menino! Quando cara viu a beleza de sua obra, ficou muito admirado mas muito puto. Disse: “É uma porra mesmo, não sei onde estava com a merda desta cabeça que não fiz a terra antes! Nem ele mesmo sabia que fosse Deus e do que era capaz de fazer. Percebeu, então que seu fracasso era o impulsionador de novas investidas e de produções mais aperfeiçoadas. Assim que, numas destas tardes quentes e bolorentas, lá no céu, o Senhor, sempre circunspecto e meditabundo, disse, ainda de si para si, e em bom bahianês: “Oxente! Minino, tá faltando alguma coisa na terra, que não sei o que é. De lá de cima ele olhava para a terra, lindamente colorida e pensava com seus botões. Que seja entedioso o céu, vá lá, mas a terra? Passara-se anos com o Senhor se debatendo o que fazer com a terra, tanta beleza desperdiçada. Então, teve uma ideia. Disse ainda sozinho: “Vou fazer um cara igual a mim. Assim, quando chateado aqui no céu, possa dar um pulinho lá na terra e bater um papo com o cara”. Fez o cara e chamou Adão. E depois, percebendo, por experiência própria, que não era bom morar só na terra como ele morava lá no céu, botou o cara para dormir. Enquanto Adão dormia, ele, arrancou-lhe uma costela e fez Eva igualzinha ele, com algumas  modificações que não se sabe se foi por erro, ou de propósito. Adão era musculoso, reto, sem peito, sem bunda, e com um negócio pendurado entre as pernas. Eva, ao contrário, cheia de curvas, bunduda, peituda e no lugar daquele nervo entre as perna, ele pôs um talho, ninguém sabe para quê. Acho foi aí que Deus cagou tudo. Disse que ia faze-los iguais a ele e volta e faz uma merda destas. Mas o pior vem aí. Disse crescei e multiplicai, mas não explicou como deveria fazer para tal. E para confundir mais ainda os pobres viventes disse: “Podeis comer de tudo o que aqui se encontra, menos do fruto da árvore proibida. Agora, danou-se, o senhor armou uma esparrela para os dois. Estes pensaram. Já que fomos expulsos vamos continuar nossa comilança que a fruita é boa. Resultado dois saudáveis e bonitos pimpolhos, chamados Caim e Abel, não está claro tampouco, como se escrevia estes nomes, porque da mesma forma que não se conhece a língua do Senhor, não se tem certeza da língua d’Eva e Adão (aqui privilegiar o feminino dá em palavrão) mas uma coisa há-de se ter como certeza: Caim e Abel falavam a mesma língua de Adão e Eva e há-de-se crer que o Senhor falava a mesma língua dos quatro únicos viventes existentes na terra. E como o Senhor ainda não tinha pensado em criar um tradutor ou mesmo tenha esquecido, o jeito foi falar na mesma língua  daqueles quatro pecadores, o que não deixa de ser humilhante, o ter de se rebaixar para se fazer entendido por tão reles criaturas. Bem feito, de outra vez ele vai pensar muito antes de inventar de criar qualquer coisa. Também, pudera, uma pessoa só para pensar em tanta coisa, acaba se esquecendo de alguma, o que é grave, porque não tem ninguém para lhe lembrar. É o caso da árvore do fruto proibido. Ele, o Senhor, quando disse para não comer da fruta, esqueceu, o velho broco, de dizer que a serpente de língua ferina ia aparecer e tentar convencê-los  a comer do fruto proibindo. E foi dito e feito, quando Eva saiu, já escurecendo, pra rachar lenha mode fazer o fogo, pois queria fazer uma sopa de legumes para o jantar, do nada, surge a serpente, em pé na sua frente, toda estirada, tesa e com voz mansa, como soe acontecer, nestes momentos, disse: Evinha, tu já comeste deste fruto? (Aqui uma outra dúvida: que língua a serpente falou com Eva? Seria a mesma que o senhor falou com eles, o português da Bahia?Bem possível, tenha sido a mesma do senhor, porque maldosa como são as mulheres, Eva que, naquela hora, estava com o pau na mão, (da lenha, não aquilo que você pensou), teria picado o pau na cabeça da bitela, e não teria comido do fruto, que dizia ser tão gostoso que sua boca se enchia d’água,  a ponto de se babar toda. A dificuldade na língua era muito e por isto uns dizem que Eva se confundiu toda com o sotaque da víbora e não sabia o que fazer se segurava o pau ou se comia da fruita tão elogiada pela bicha que balançava a cabeça com a língua pra fora e babando. Quando, enfim, Eva caiu na lábia da serpente, e pegou do fruto e deu uma mordida, deu um grito tão alto que, do caramanchão onde dormia Adão, ouvindo-a disse assustado: o que tu fizeste, mulher desventurada? E Eva aos gritos de alegria e prazer dizia, vem cá Adão, vem ver o que o Senhor, egoisticamente guardava para si e tirou uma dentada e botou na boca de Adão. Adão subiu nas paredes. E caíram no sono, como geralmente acontece nestes momentos. Acordaram com os gritos estrepitosos do Senhor, parecendo terem saídos das profundezas do inferno.
Caim, por ciúmes, mata Abel e foge lamentando-se que todo aquele que o encontrar o matará. Deus pôs um sinal em Caim para que ninguém o matasse.
Caim então foi para a terra de Node, onde conheceu sua mulher  que deu a luz a Enoque.
Ora, se Deus criou o mundo do nada e pôs na terra Adão e Eva que tiveram dois  filhos e Abel foi morto por Caim, como explicar que Deus tenha posto um sinal para que ninguém o matasse? Havia outras pessoas? Criadas por quem?
Como explicar que ele tenha ido para a terra de Node? De onde surgiu este Node?
Como explicar que Caim tenha conhecido uma mulher que pariu Enoque? De onde veio esta mulher? Do nada?
Depois Caim edificou uma cidade que chamou de Enoque.  Para quem esta cidade se não existia ninguém?
São perguntas que seria bom que fossem respondidas, mas não  tem respostas, a não ser que se apele para os mistérios.
     Segundo o Gêneses Deus criou o mundo e depois Adão e Eva para povoá-lo. Expulsos do Paraíso tiveram dois filhos Caim e Abel.
     Caim, por ciúmes, mata Abel e foge lamentando-se de que todo aquele que o encontrasse o mataria. Deus pôs um sinal em Caim para que ninguém o matasse.
     Caim então foi para a terra de Node, onde conheceu sua mulher  que deu a luz a Enoque.
     Ora, se Deus criou o mundo do nada e pôs na terra Adão e Eva que tiveram dois e filhos e Abel foi morto por Caim, como explicar que Deus tenha posto um sinal para que ninguém o matasse? Havia outras pessoas? Criadas por quem?
     Como explicar que ele tenha ido para a terra de Node? De onde surgiu este Node?
     Como explicar que Caim tenha conhecido uma mulher que pariu Enoque? De onde veio esta mulher? Do nada?
     Depois Caim edificou uma cidade que chamou de Enoque? Para quem esta cidade não existia ninguém?
     São perguntas que seria bom que fossem respondidas, mas não tem respostas, a não ser que se apele para os mistérios.


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